quarta-feira, 22 de maio de 2013

Hedone

Se você é uma mulher que pensa, seu corpo deve ser seu e somente seu. E do jeito que ele é. E as pessoas devem aceitá-lo assim, a bem do politicamente correto. Vaidade é ferramenta do sistema para o consumo. Vá contra tudo o que dita a sociedade patriarcal. Nada de salto alto. A boneca Barbie é um péssimo exemplo para suas filhas. Revistas masculinas são abomináveis, aliás, tudo o que associe mulher à sexualidade.  
Agora, o pacote completo da danação é gostar de glamour, que seria mais ou menos um combo luxo+beleza+dinheiro+ostentação. Adicione mais um pouco do já citado consumismo. 

Tem a impressão que a vida perdeu a graça? Eu tenho.
E desconfio que é porque não há nada o que ser transgredido. Da criança ao velho, pode-se fazer qualquer coisa.
E onde achar os pequenos tabus e deleitar-se quebrando-os em um mundo onde tudo é permitido?

A arte da quebra de tabus hoje em dia é sutil. Varia de pessoa para pessoa. Esta é uma das minhas:

Semana passada, fui ao shopping (e eu adoro ir ao shopping, mesmo que não seja para comprar nada) exclusivamente para comprar uma cinta-liga e meias 7/8. Extremamente desnecessárias, como diriam uns. Símbolo da dominação do corpo feminino, diriam outras.

Vesti no banheiro do shopping mesmo. Estava de saia e meia-calça, então simplesmente fui lá e troquei. 

Difícil descrever a sensação. Era como se eu tivesse de uma hora para outra me tornado uma garota pervertida. Era como se todas aquelas pessoas soubessem e estivessem me olhando e recriminando. E como se eu tivesse voltado no tempo, a um tempo em que esse pequeno luxo era permitido às mulheres, permitido que se sentissem lindas, atraentes e gostosas. Ou seja, sensação adorável!

O prazer que me dá cada vez que eu ando com a cinta e ela dá aquele puxãozinho na minhas coxas, olha... é delicioso! Mas você precisará de uma mente aberta para desfrutar isso.

Isso é erotismo. O erotismo trabalha na fina sintonia do simbólico. O corpo que é simplesmente um corpo acaba se transformando em algo diferente. Ele é transubstanciado (e essa é uma palavra que estamos acostumados a relacionar a rituais religiosos, não é?). E essa nova 'ideia' em que o corpo se trans forma evoca sensações, aguça os sentidos. Transforma-se em algo mais sublime. Vira evocação. Qualquer pessoa que tenha tido uma excitação sexual sabe do que estou falando. 

Sou mais inteligente que a maioria das pessoas que conheço. Sou loira e linda e gostaria de ter mais dinheiro para comprar coisas supérfluas, inclusive livros. Quero tudo que for bom, e bastante. E não estou nem aí para sua opinião quadradinha!

Nenhum comentário: