segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O que eu quero

Não quero sua seriedade e responsabilidade
Sua dissimulação mentirosa
Quero o que você tenta esconder
Seus desejos ocultos, profundos
Sua natureza, sua força de vida
O monstro, a fera em você
Todo seu som e fúria
O que te faz ser quando ninguém está vendo
Seu sexo, sua dor, seu medo da morte
Suor, sêmen e excremento
Sua mais pura humanidade

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Desistência

45.730 minutos após nosso último contato, você coloca a cabeça para fora do mar de mediocridade e enche os pulmões com o mais puro ar de nossa verdadeira essência.

Não posso nem falar que você perdeu, já que, neste caso, perder é ganhar.
Mas é bom te ver de volta.

Pronto para continuar? 



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Desafio


Eu sei que você deve estar tentando se regenerar, ser uma pessoa correta, decente.  Eu também estou. Se vale a pena, não sei, já que, para pessoas como eu e você, mais cedo ou mais tarde, o instinto acaba falando mais alto.

Vamos ver quem consegue ser uma pessoa exemplar por mais tempo. Vamos ver quem consegue sufocar mais sua natureza e ficar mais tempo mergulhado na mediocridade das aparências. Boa sorte para nós. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Amor

Na terra de onde minha alma vem, não demonstramos amor com palavras.

Apenas as ações concretas nos interessam. É uma terra de um povo duro, cujas privações criaram uma sensibilidade na qual as mínimas atitudes jamais passam despercebidas. Assim é que lemos o mundo.

Lá é uma terra onde as mulheres aguardam seus amados, que buscam o desconhecido em terras distantes. E quando a espera se torna insuportável, elas se pintam, trançam seus cabelos, vestem suas peles, calçam suas botas de couro, polem as armas e partem a seu encontro. Nesse momento, não há inimigo suficientemente forte ou proporcionalmente grande para elas.


Sou uma dessas mulheres, cujo amor é escrito no silêncio. Não queira tirar de mim mais do que posso demonstrar. E o que posso demonstrar é por demais profundo, por isso não existem palavras para tal.


Meu amado não é troféu, meu amado não é vaidade, meu amado não é gado marcado. Meu amado é bicho selvagem que corre em liberdade mas vem se aquecer perto do meu fogo nos dias frios. E se um dia ele achar que precisa de abrigo também nos dias de calor, eu o acolherei, e ficarei grata por isso, mas sobre ele jamais lançarei armadilhas.

Também a ele não faço exigências. Sei que, bicho selvagem que é, deve fidelidade apenas a seus sentimentos. E sei que muitas vezes ele fica confuso e não sabe como posso ser tão compreensiva, ou suportar tamanha espera.  Mas eu observo cada gesto seu. Não deixo escapar nada. Com isso, sei exatamente seu merecimento. E enquanto meu amado merecer, vou esperá-lo.

Farei sempre o que julgar justo, seja isso muito bom ou muito mau. Nunca sinto arrependimento de nada. Nisso mora a força das pessoas do lugar de onde minha alma vem.



quarta-feira, 26 de junho de 2013

É

Eu já não entendo mais nada.
Mas em um mundo que se fez do caos, entender alguma coisa não seria muita pretensão da parte de alguém?
Ou se tivesse sido criado, não seria muita pretensão querer entender a arte do artista?
Não existe desculpa plausível para tentar entender o que acontece. Nem desentender.
Apenas sentir já dá um bocado de trabalho!
Por isso minha atitude zen. Por isso minha indiferença.
Por isso meu desprezo, já que as coisas simplesmente são.

Alimente-me com sua música

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Hedone

Se você é uma mulher que pensa, seu corpo deve ser seu e somente seu. E do jeito que ele é. E as pessoas devem aceitá-lo assim, a bem do politicamente correto. Vaidade é ferramenta do sistema para o consumo. Vá contra tudo o que dita a sociedade patriarcal. Nada de salto alto. A boneca Barbie é um péssimo exemplo para suas filhas. Revistas masculinas são abomináveis, aliás, tudo o que associe mulher à sexualidade.  
Agora, o pacote completo da danação é gostar de glamour, que seria mais ou menos um combo luxo+beleza+dinheiro+ostentação. Adicione mais um pouco do já citado consumismo. 

Tem a impressão que a vida perdeu a graça? Eu tenho.
E desconfio que é porque não há nada o que ser transgredido. Da criança ao velho, pode-se fazer qualquer coisa.
E onde achar os pequenos tabus e deleitar-se quebrando-os em um mundo onde tudo é permitido?

A arte da quebra de tabus hoje em dia é sutil. Varia de pessoa para pessoa. Esta é uma das minhas:

Semana passada, fui ao shopping (e eu adoro ir ao shopping, mesmo que não seja para comprar nada) exclusivamente para comprar uma cinta-liga e meias 7/8. Extremamente desnecessárias, como diriam uns. Símbolo da dominação do corpo feminino, diriam outras.

Vesti no banheiro do shopping mesmo. Estava de saia e meia-calça, então simplesmente fui lá e troquei. 

Difícil descrever a sensação. Era como se eu tivesse de uma hora para outra me tornado uma garota pervertida. Era como se todas aquelas pessoas soubessem e estivessem me olhando e recriminando. E como se eu tivesse voltado no tempo, a um tempo em que esse pequeno luxo era permitido às mulheres, permitido que se sentissem lindas, atraentes e gostosas. Ou seja, sensação adorável!

O prazer que me dá cada vez que eu ando com a cinta e ela dá aquele puxãozinho na minhas coxas, olha... é delicioso! Mas você precisará de uma mente aberta para desfrutar isso.

Isso é erotismo. O erotismo trabalha na fina sintonia do simbólico. O corpo que é simplesmente um corpo acaba se transformando em algo diferente. Ele é transubstanciado (e essa é uma palavra que estamos acostumados a relacionar a rituais religiosos, não é?). E essa nova 'ideia' em que o corpo se trans forma evoca sensações, aguça os sentidos. Transforma-se em algo mais sublime. Vira evocação. Qualquer pessoa que tenha tido uma excitação sexual sabe do que estou falando. 

Sou mais inteligente que a maioria das pessoas que conheço. Sou loira e linda e gostaria de ter mais dinheiro para comprar coisas supérfluas, inclusive livros. Quero tudo que for bom, e bastante. E não estou nem aí para sua opinião quadradinha!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Desconstrução

Você trabalhando em mim
voz ausente, código profundo
Paciente, sua trama lenta
Um, dois anos
Destrói minhas convicções
Apresenta o impossível
Fervilha minha curiosidade

Eu era outra
Agora sou a cada segundo
Na plenitude das coisas que se constroem
E num instante já não estão

Você me dá alimento, brilho, prazer
Eu dou saliva, calor e libido
Só faço a você um pedido:
Não deixe ela saber!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

D E S E J O

Imagem: Eugenio Recuenco

O amor, meus amigos, pode ser rosa ou qualquer desses tons pastel.
Mas o desejo é cor escura, de tinta profunda e bem matizada.
Feito de sussurros suspiros e silêncios densos.
Língua lascívia permissão negação
Falta ausência 
necessidade 
fome