quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Amor

Na terra de onde minha alma vem, não demonstramos amor com palavras.

Apenas as ações concretas nos interessam. É uma terra de um povo duro, cujas privações criaram uma sensibilidade na qual as mínimas atitudes jamais passam despercebidas. Assim é que lemos o mundo.

Lá é uma terra onde as mulheres aguardam seus amados, que buscam o desconhecido em terras distantes. E quando a espera se torna insuportável, elas se pintam, trançam seus cabelos, vestem suas peles, calçam suas botas de couro, polem as armas e partem a seu encontro. Nesse momento, não há inimigo suficientemente forte ou proporcionalmente grande para elas.


Sou uma dessas mulheres, cujo amor é escrito no silêncio. Não queira tirar de mim mais do que posso demonstrar. E o que posso demonstrar é por demais profundo, por isso não existem palavras para tal.


Meu amado não é troféu, meu amado não é vaidade, meu amado não é gado marcado. Meu amado é bicho selvagem que corre em liberdade mas vem se aquecer perto do meu fogo nos dias frios. E se um dia ele achar que precisa de abrigo também nos dias de calor, eu o acolherei, e ficarei grata por isso, mas sobre ele jamais lançarei armadilhas.

Também a ele não faço exigências. Sei que, bicho selvagem que é, deve fidelidade apenas a seus sentimentos. E sei que muitas vezes ele fica confuso e não sabe como posso ser tão compreensiva, ou suportar tamanha espera.  Mas eu observo cada gesto seu. Não deixo escapar nada. Com isso, sei exatamente seu merecimento. E enquanto meu amado merecer, vou esperá-lo.

Farei sempre o que julgar justo, seja isso muito bom ou muito mau. Nunca sinto arrependimento de nada. Nisso mora a força das pessoas do lugar de onde minha alma vem.